sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Universidade de Virgínia



















Obra: Universidade de Virgínia
Localização: Charlottesville, EUA
Construção: 1817 - 1826
Arquiteto: Thomas Jefferson


O prédio da Biblioteca da Universidade da Virgínia é uma obra que remete, em suas características plástico-formais, a características compositivas de outras obras da antiguidade, fazendo parte do chamado "classicismo americano".


Olhando a princípio, é possível identificar em sua fachada a presença de alguns elementos típicos da antiguidade clássica, como o pórtico com o pódium, colunas com capitéis, frontão e arquitraves e a rotunda coberta por domo e circundada por cornijas.




Mas o fato mais surpreendente desse prédio é a semelhança exacerbada que estabelece com o Panteão romano, edifício da Antiguidade Clássica, construído em 27 a. C.












Enquanto o Panteão foi construído em pedras, o prédio da Biblioteca é edificado usando alvenaria de tijolos e acabamentos em estuque branco.

Apesar de ter sido construído na metade da escala do Panteão, o prédio da Biblioteca da Virgínia revive as mesmas proporções matemáticas nele presentes, como a equivalência entre o diâmetro da rotunda e a altura da cúpula.


Entretanto, a semelhança entre as obras parece transcender a questão da forma, aplicando-se também à filosofia de uso do espaço:


“... uma rotunda com pórtico inspirada no Panteão, na Virgínia interpretado como Panteão democrático, templo laico da sabedoria depositada nos livros.” (RODRIGUEZ LERA, 2006.)

Assim, enquanto o Panteão é o templo de "todos os deuses", a Biblioteca de Virgínia, em sua majestosidade, apresenta-se como o templo do saber.

Mas algo nisso tudo nos provocou um questionamento: ao se elaborar o projeto da Biblioteca da Universidade de Virgínia, não se pensou nos quase dois milênios que a separam da época em que o Panteão de Agrippa foi erguido? Assim como a sociedade evolui em suas diversas áreas do conhecimento, também as técnicas e conhecimentos construtivos evoluem, e por conseguinte os estilos arquitetônicos deveriam constantemente buscar a originalidade, e não a simples repetição de padrões passados sob uma linguagem no mínimo antiquada.

Seria ético na contemporaneidade tentar reviver épocas passadas através dos elementos que compõem a forma de um edifício? Infelizmente isso ainda se faz muito presente nos edifícios que estão ao nosso redor.


REFERÊNCIAS


RODRIGUEZ LERA, Ramón. Breve História da arquitetura. Lisboa: Editorial Estampa, 2006, p. 174.

GLANCEY, Jonathan. A história da arquitetura. São Paulo: Loyola, 2001, p. 124-125.

3 comentários:

alexandre_matiello disse...

Olá,

Gostei da postagem clara e com textos concisos.

acho que vcs podem propor alguma questão que suscite o interesse em postar comentários.

Pode ser também uma enquete sobre quantos elementos clássicos são identificáveis.

Caprichem na criatividade!

jamiLe - Clenir - SinaRa - ReNato disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Vanessa disse...

Olá, o blog de voces esta muito bom!

As materias que trazem assuntos relacionadas a Chapecó são bem interessantes, pois atraem a atenção dos leitores tornando um atrativo a mais para o blog.
Mostrando parte da arquitetura que muitos nao saibam que exista em nossa cidade, desenvolvendo e atraindo olhares criticos para lugares, que passamos mas nao reparamos que existam!